
Michel Gondry já tinha convencido com o brilhante Eternal Sunshine of the Spotless Mind e, quanto a mim, volta a fazer o mesmo feito com o seu mais recente devaneio cinematográfico.
O misterioso mundo dos sonhos é a base para uma história complexa entre Stéphane e Stéphanie. No limbo entre o real e o imaginário, esta é uma história (correndo o risco de usar um trocadilho demasiado óbvio) que nos faz sonhar sonhar. Mas, assim como Eternal Sunshine of the Spotless Mind, insere um mundo imaginário, de fantasia, na complicada vida real.
O personagem de Gael Garcia Bernal é o de um homem que vive a sonhar. Ou que dorme acordado, como interpretarem. Algures entre uma insónia visual e uma viagem às nuvens, descobrimos um mundo irreverente, doce e metafórico. Tal como o dos próprios sonhos. Uma história de amor, de sonhos e pesadelos, de símbolos e códigos para decifrarmos. Acordados ou não.
É a realidade de uma vida que não corre como planeamos, que toma rumos inesperados e que pede de nós mais do que aquilo que nos dá. Como se costuma dizer, sonhar não paga imposto, por isso usamos a mente para escapar de uma vida falhada. A nossa imaginação não nos desaponta porque depende exclusivamente de nós. É o nosso melhor instrumento para construir uma felicidade individual. Mesmo quando tudo à nossa volta se desmorona.
O grande triunfo de La Science des Rêves sobre mim foi despertar-me. Alargou-me os horizontes para a complexidade emocional que está intrínseca nos nosso pensamentos. É tão esgotante sonhar como viver a rotina diária. Porque, afinal de contas, sonhar acaba por ser a derradeira coisa na qual falhamos em tornar real.

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É bom, mas também uma semi-desilusão, depois de um anteecssor tão memorável. Não o coloco nos melhores do ano, mas ao contrário do que alguns dizem também está longe dos piores.